Um desejo que quase virou pesadelo. Viagem que tinha tudo para ser inesquecível e por pouco não ganhou ares dramáticos. Patrícia Poeta cogitou ir a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para assistir ao Mundial de Clubes de 2010. A jornalista pretendia levar o pai e o filho ao Estádio Mohammad Bin Zayed, a fim de dar uma força ao Internacional. Mas, por capricho do destino, ela teve de abortar tudo o que havia planejado em função das gravações de fim de ano do "Fantástico". A apresentadora bem que tentou trabalhar naquele fatídico 14 de dezembro. No entanto, a cabeça estava longe da labuta num dos dias mais angustiantes de sua vida.
- Eu só tinha um dia de estúdio reservado no Projac, justamente naquela hora da partida. Então, acabei ficando com um celular na mão o tempo todo. Combinei com o meu filho de ele me mandar notícias. Para que eu fui pedir isso! De cinco em cinco minutos, ele me ligava todo preocupado. Chegou um momento em que todo mundo do estúdio começou a me perguntar sobre o jogo do Inter: "Qual o placar?". Tive dificuldades em me concentrar no que estava fazendo - revelou Patrícia Poeta, que pela primeira vez falou publicamente sobre o seu clube de coração.
Aliviada por não ter presenteado os parentes com o "jogo errado", Patrícia Poeta ainda sonha ir ao estádio pela primeira vez com o filho Felipe. Desde a adolescência, quando morava em Porto Alegre, ela busca companhia para acompanhar o Inter de perto. No entanto, o pai, colorado fanático, preferia assistir aos jogos pela TV. E o marido, Amauri Soares, que viera a conhecer depois, é torcedor do Palmeiras (assista ao vídeo do jogo contra o Mazembe).
- Nunca fui ao estádio (do Inter) porque saí muito cedo de Porto Alegre. Faz 12 ou 14 anos que não moro mais no Sul. Naquela época, meu pai não saía de casa, preferia ouvir as partidas pelo rádio com o meu avô. E minha irmã mais nova, que hoje é fanática pelo Colorado, era muito pequena. Agora é diferente. Ela fez uma carteirinha (de sócio) para ele. Os dois vão a quase todos os jogos - afirmou.
Mazembe surpreende
Logo no primeiro confronto do Inter no Mundial de Clubes, o time brasileiro foi surpreendido pelo Mazembe. A equipe do Congo venceu por 2 a 0 nas semifinais da competição e tirou o Colorado da decisão contra o Inter de Milão. O sonho do bicampeonato mundial acabou se transformando em vexame histórico.
O Inter seguiu as instruções do técnico Celso Roth: começou o confronto marcando forte a saída de bola e pressionando pelo primeiro gol nos minutos iniciais. Porém, foi o Mazembe que abriu o placar, aos sete minutos da etapa final. Kabangu recebeu lançamento na área, girou e mandou a bola no ângulo de Renan.
Insatisfeito com o desempenho do Colorado, Celso Roth fez três substituições. Alecsandro e Tinga deram lugar a Leandro Damião e Giuliano. O garoto Oscar também entrou na vaga de Rafael Sobis. Mas, aos 40 minutos do segundo tempo, Kaluyituka dominou na entrada da área e bateu colocado: Mazembe 2 a 0, um pesadelo que os torcedores do Inter ainda não esqueceram.
Bi da Libertadores serve de alento para a apresentadora
Para que Felipe, de 8 anos, permaneça fiel ao Internacional, Patrícia relembra constantemente como foi a decisão da Libertadores de 2010. Na ocasião, o time gaúcho derrotou o Chivas Guadalajara por 3 a 2 e se sagrou campeão continental(assista ao vídeo ao lado do bicampeonato da Libertadores).
- Esse jogo também me marcou muito, foi bastante emocionante. Assisti pela TV, pulando no sofá da minha casa. Automaticamente, lembrei do meu avô. Se ele estivesse vivo naquele dia, ficaria muito feliz. Ali aumentou a adoração do meu filho pelo Inter. Depois disso, ele pediu camisa e bola do time. Quis até entrar em campo com os jogadores. Meu pai teve que comprar todo aquele uniforme e levá-lo ao Beira-Rio. Daqui desse monitor da TV Globo (aponta para a tela no camarim dos apresentadores), eu o vi pisar no gramado junto com o goleiro Renan - disse.
A jornalista conta como começou a sua paixão pelo Inter e lembra a influência decisiva da família. Na infância, a trilha musical das viagens para a sua cidade natal era sempre a mesma: a narração dos jogos do Colorado.
- A maior parte da minha família é colorada. Meu pai é muito discreto, mas, quando o nosso time entra em campo, ele extrapola. Tenho memórias muito boas de quando era pequena. Nasci em São Jerônimo (interior do Rio Grande do Sul) e me mudei para Porto Alegre com oito anos. Ia muito visitar os meus avós nos fins de semana e sempre tinha jogo do Inter. Então, meu pai cronometrava a viagem. Ela era toda feita ao som do rádio, com todo mundo ouvindo os confrontos do Colorado - afirmou.
Alheia à rivalidade gaúcha, ela garante que não sente ódio do Grêmio. Por isso, jamais torceu por insucesso do maior adversário do Inter.
- Nunca sequei o Grêmio. Sei que tem essa brincadeira e rivalidade no Sul. Mas se o Tricolor estiver numa final de Libertadores, prefiro que o time brasileiro vença outra equipe da América do Sul. Brinco com os gremistas, mas não torço contra - ponderou.
Falando em bola dividida, a jornalista conta que o filho dela também admira o Botafogo. Sendo assim, no Rio de Janeiro, o coração da apresentadora bate mais forte pelo Glorioso. Isso sem falar na preferência do marido pelo Alviverde imponente.
- A gente acaba se unindo. Os três com três times. Meu filho, eu e meu marido gostamos do Inter, do Botafogo e do Palmeiras. Quando chegamos ao Brasil, o Felipe tinha quatro anos. Ele não entendia de futebol. Porém, logo que entrou para a escola, os amigos perguntaram: "Qual é o seu time?" Ele nem sabia direito o que era aquilo, não jogava futebol nos Estados Unidos. Lá vivíamos em outra cultura. Só que, num belo dia, ele me disse: "Mãe, sou Botafogo porque acho bonita aquela estrela solitária.". "Respondi: então tá". "Somos três botafoguenses" - disse a jornalista gaúcha, que não conseguiu fazer a irmã mais velha (gremista) mudar de time.
Jornalista acompanha e pratica esportes para agradar ao filho
Patrícia Poeta conta que sua vida mudou completamente de oito anos para cá. Com o nascimento do seu único filho, ela teve que passar a se inteirar do universo masculino.
- Na realidade, como tive filho homem, precisei me adaptar. Não dá para brincar de boneca com ele, né? Então, jogo futebol, vôlei e agora estou aprendendo tênis. Como ele é apaixonado por futebol, tive que entrar para esse time. De vez em quando, até jogo pelada na praia. Passei a assistir muito mais partidas de futebol. Agora acompanho muitos jogos nos fins de semana. Tenho que ficar por dentro para conversar com ele. Não tem como escapar. O Felipe vai e volta da escola falando de futebol - reconheceu, às gargalhadas.
A mãe do Felipe não só aprendeu a jogar o esporte bretão como se transformou em cobaia do herdeiro.
- O meu filho gosta de me dar o drible da vaca (risos). Ele e o pai jogam pelada direto na praia. Quando perco um gol, é aquele desespero: "Por que você errou?". Mas, justiça seja feita, foi ele quem me ensinou a pegar bem na bola. O Felipe fica orgulhoso quando os amigos dele falam que eu estou jogando bem. Vou aprendendo aos poucos - brincou.
Quando o assunto é Copa do Mundo, a apresentadora do "Fantástico" lembra que participou da cobertura do Mundial de 2006, na Alemanha. No entanto, elege a final da edição de 1994 como uma das mais memoráveis.
- Foi duelo inesquecível não só para mim, mas também para todos os brasileiros. Depois de 120 minutos de bola rolando, nada: 0 a 0 no placar. Era um calor incrível. Vieram os pênaltis, o Brasil inteiro ficou com o coração na mão. Vamos combinar que perder final de Copa do Mundo nos pênaltis é uma frustração muito grande. Por isso, tinha sido tão marcante. Foi a primeira Copa que eu acompanhei todos os jogos, e o Brasil foi campeão. Lembro que na minha casa teve um bolinho com a bandeira do nosso país em cima. Era aquela gritaria. Não me esqueço também da emoção do Galvão (Bueno). E, lógico, do Taffarel, colorado, sendo abraçado pelos jogadores brasileiros - recordou.
Além disso, Patrícia Poeta sentiu sensação diferente na Copa de 2002. Ela estava grávida de nove meses. Mesmo assim, fez questão de assistir aos jogos do Brasil junto da comunidade brasileira nos Estados Unidos.
- Numa fase completarmente diferente da vida, quando era correspondente internacional, ia para a Rua 46, onde os brasileiros se encontram em Nova Iorque. Via as partidas no telão, com a narração do Galvão Bueno. Pegaram o vídeo e o áudio não sei de onde e conseguíamos acompanhar com a emoção que o Galvão passa. Depois que vencemos, foi aquela comemoração. As pessoas sambavam, cantavam e agitavam bandeiras do Brasil. E eu lá desse tamanho (mostra o tamanho da barringa) pulando.
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