quarta-feira, 18 de maio de 2011

'Prefeito' da Mooca, Wellington relembra infância e visita Juventus

Os ares da Mooca fazem bem a Wellington Paulista. Mesmo com uma luxação no ombro direito e fora do Palmeiras por até um mês, o camisa 9 encontra a tranquilidade para se recuperar no bairro da zona leste de São Paulo. Nascido e criado no tradicional reduto italiano, o atacante conhece todos os atalhos. Morando sozinho em um apartamento próximo ao clube, Wellington não hesita em voltar toda hora à casa dos pais para “filar um rango”.
- Esse daí come demais, se bobear dá prejuízo - brinca o pai, Walter Pereira do Nascimento.
Perguntado se Wellington vai com mais fome na bola ou no prato, o pai fica em cima do muro.
- Acho que nos dois - ri.
O cenário se repete regularmente, mas Wellington garante que sabe se virar sozinho em casa. Dizendo-se um especialista em cozinhar arroz e feijão, o atacante faz o que pode para manter a alimentação em dia. Mas é de barriga cheia com a comida da mãe, Alexandrina, que Wellington aproveita um raro momento de folga para dar um passeio na Mooca. No bairro, ele já é quase prefeito.

- Já morei na Rua Sapucaia, na Rua dos Trilhos... E ia de bicicleta para o Juventus todos os dias, só aprendi a dirigir mesmo quando fui para o Paraná Clube. Aí fui praticamente obrigado. Meus tios têm auto escola, mas não precisei de ajuda, passei direto no exame - garante o camisa 9 do Verdão. - Nas férias eu ando de bicicleta para todo lado, chinelão, bermuda, sempre numa boa. O pessoal até brinca e pergunta se eu sou mesmo jogador de futebol. Meus amigos já vieram me chamar de vagabundo, acredita? - diverte-se o camisa 9.Os amigos de infância permanecem na região, todos trabalhando nas mais diferentes áreas. O jogador tem contato apenas com alguns deles, mas faz questão de visitar todos no período de férias. Quando está na Mooca “de bobeira”, Wellington Paulista larga o carro na garagem e sai como criança pelas ruas da vizinhança.Mesmo tendo aprendido a dirigir apenas aos 21 anos e admitindo não ser fã do volante, Wellington adora pilotar pelo bairro. No caminho entre sua casa e o Juventus, tradicional clube paulista onde foi revelado, o Globoesporte.com pegou carona com o artilheiro para conhecer um pouco mais da rotina dele quando moleque.

E é a partir da bicicleta que o artilheiro relembra a infância e adolescência na Mooca. Quando começou a treinar no Juventus, já com 18 anos, a "magrela" era seu meio de transporte: já chegava aquecido, gastava menos e mantinha a forma. Com ele, jogaram vários garotos que hoje perambulam pelo futebol: Élton, Abuda, Tiago (goleiro)... Todos com passagens pelo Corinthians. Foi no gramado da Rua Javari que Wellington fez seus primeiros gols.
Wellington Paulista no Juventus (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
No estádio do Juventus ele se sente em casa. Cumprimenta um por um, desde o porteiro Válter, até o goleiro e capitão Marcelo, passando pelo meia Serginho e o jardineiro Gil. Com diferentes funções no Moleque Travesso, eles têm em comum a admiração a Wellington, que cresceu ali e ganhou o país com passagens por Paraná, Santos, Cruzeiro, Botafogo, e até o Alavés-ESP. Em 2004, o camisa 9 ficou conhecido por marcar dois gols no Corinthians, em um 3 a 2 do Timão sobre o Juventus, no ano em que as duas equipes brigavam contra o rebaixamento no Campeonato Paulista - o Moleque levou a pior e caiu para a Série A-2.
- Me emociono ao reencontrar o Wellington, não sabia que ele estava na Mooca hoje. Fico assim porque o via chegando de bicicleta todos os dias, humilde, e vi que conseguiu vencer na vida - elogiou o jardineiro Gil.
Wellington ainda tinha muita gente para rever na Mooca, principalmente na padaria em que costumava passar os finais de tarde. Hoje, porém, a realidade é bem diferente. Às 15h ele já precisava estar na Academia de Futebol para iniciar o tratamento no ombro. Por isso, os amigos da “padoca” terão de esperar a próxima folga para rever um dos filhos mais ilustres do tradicional bairro.

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