Os ares da Mooca fazem bem a Wellington Paulista. Mesmo com uma luxação no ombro direito e fora do Palmeiras por até um mês, o camisa 9 encontra a tranquilidade para se recuperar no bairro da zona leste de São Paulo. Nascido e criado no tradicional reduto italiano, o atacante conhece todos os atalhos. Morando sozinho em um apartamento próximo ao clube, Wellington não hesita em voltar toda hora à casa dos pais para “filar um rango”.
- Esse daí come demais, se bobear dá prejuízo - brinca o pai, Walter Pereira do Nascimento.
Perguntado se Wellington vai com mais fome na bola ou no prato, o pai fica em cima do muro.
- Acho que nos dois - ri.
O cenário se repete regularmente, mas Wellington garante que sabe se virar sozinho em casa. Dizendo-se um especialista em cozinhar arroz e feijão, o atacante faz o que pode para manter a alimentação em dia. Mas é de barriga cheia com a comida da mãe, Alexandrina, que Wellington aproveita um raro momento de folga para dar um passeio na Mooca. No bairro, ele já é quase prefeito.
- Já morei na Rua Sapucaia, na Rua dos Trilhos... E ia de bicicleta para o Juventus todos os dias, só aprendi a dirigir mesmo quando fui para o Paraná Clube. Aí fui praticamente obrigado. Meus tios têm auto escola, mas não precisei de ajuda, passei direto no exame - garante o camisa 9 do Verdão. - Nas férias eu ando de bicicleta para todo lado, chinelão, bermuda, sempre numa boa. O pessoal até brinca e pergunta se eu sou mesmo jogador de futebol. Meus amigos já vieram me chamar de vagabundo, acredita? - diverte-se o camisa 9.Os amigos de infância permanecem na região, todos trabalhando nas mais diferentes áreas. O jogador tem contato apenas com alguns deles, mas faz questão de visitar todos no período de férias. Quando está na Mooca “de bobeira”, Wellington Paulista larga o carro na garagem e sai como criança pelas ruas da vizinhança.Mesmo tendo aprendido a dirigir apenas aos 21 anos e admitindo não ser fã do volante, Wellington adora pilotar pelo bairro. No caminho entre sua casa e o Juventus, tradicional clube paulista onde foi revelado, o Globoesporte.com pegou carona com o artilheiro para conhecer um pouco mais da rotina dele quando moleque.
E é a partir da bicicleta que o artilheiro relembra a infância e adolescência na Mooca. Quando começou a treinar no Juventus, já com 18 anos, a "magrela" era seu meio de transporte: já chegava aquecido, gastava menos e mantinha a forma. Com ele, jogaram vários garotos que hoje perambulam pelo futebol: Élton, Abuda, Tiago (goleiro)... Todos com passagens pelo Corinthians. Foi no gramado da Rua Javari que Wellington fez seus primeiros gols.
No estádio do Juventus ele se sente em casa. Cumprimenta um por um, desde o porteiro Válter, até o goleiro e capitão Marcelo, passando pelo meia Serginho e o jardineiro Gil. Com diferentes funções no Moleque Travesso, eles têm em comum a admiração a Wellington, que cresceu ali e ganhou o país com passagens por Paraná, Santos, Cruzeiro, Botafogo, e até o Alavés-ESP. Em 2004, o camisa 9 ficou conhecido por marcar dois gols no Corinthians, em um 3 a 2 do Timão sobre o Juventus, no ano em que as duas equipes brigavam contra o rebaixamento no Campeonato Paulista - o Moleque levou a pior e caiu para a Série A-2.
- Me emociono ao reencontrar o Wellington, não sabia que ele estava na Mooca hoje. Fico assim porque o via chegando de bicicleta todos os dias, humilde, e vi que conseguiu vencer na vida - elogiou o jardineiro Gil.
Wellington ainda tinha muita gente para rever na Mooca, principalmente na padaria em que costumava passar os finais de tarde. Hoje, porém, a realidade é bem diferente. Às 15h ele já precisava estar na Academia de Futebol para iniciar o tratamento no ombro. Por isso, os amigos da “padoca” terão de esperar a próxima folga para rever um dos filhos mais ilustres do tradicional bairro.
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