quinta-feira, 31 de março de 2011

Com novo técnico e ofensivo, Bota vence Paraná e fica perto da vaga


Antes do pontapé inicial de Paraná x Botafogo, na noite desta quarta-feira, no estádio Durival de Brito, Caio Júnior, emocionado, disse estar vivendo "um momento especial" em sua vida. Afinal, estreava no comando do Bota exatamente diante do clube que o projetou para o futebol brasileiro como treinador - e do qual foi ídolo como jogador. E o primeiro capítulo no Alvinegro foi feliz para o técnico. Com uma postura ofensiva, apesar de atuar fora de casa, o time carioca venceu por 2 a 1 o jogo de ida pela segunda fase da Copa do Brasil.
As duas equipes voltam a se enfrentar na próxima quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), no Engenhão. O Bota se classifica com vitória, empate ou até com derrota por 1 a 0. A equipe paranaense precisa vencer por dois ou mais gols de diferença. No placar de 2 a 1, mas a favor do Tricolor paranaense, levará a disputa da vaga para os pênaltis. O ganhador do confronto enfrenta nas oitavas de final o Avaí, que eliminou o Ipatinga nesta quarta com uma goleada de 4 a 1 em Florianópolis.
Do lado do time da casa, o treinador Ricardo Pinto, goleiro do Fluminense nos anos 90, também contou com reforços: o meia Luiz Camargo e os zagueiros Rodrigo Defendi e Luciano Castán, liberados após cumprir suspensão. Mas seguiu sem poder escalar o meia Kerlon, que ainda tenta se recuperar de uma lesão muscular na coxa direita.Para o início de uma nova fase em sua carreira, logo contra o clube que classificou para a Libertadores com a boa campanha no Campeonato Brasileiro de 2006, Caio Júnior contou com a volta de quatro titulares: Jefferson (que estava na Seleção Brasileira), Rodrigo Mancha, Everton e Herrera, que cumpriram suspensão na última rodada do Campeonato Carioca, diante do Boavista. Mas o time voltou a não contar com outros quatro atletas importantes: Loco Abreu e Arévalo (ambos na seleção uruguaia), e Lucas e Bruno Thiago, machucados.
Caio Júnior manteve o meio-campo com três volantes (Marcelo Mattos, Rodrigo Mancha e Somália). Mas posicionou o último mais avançado, pela lado direito, dividindo a armação de jogadas com Everton. Revelado no Paraná, que trocou pelo Flamengo em 2008, o meia foi vaiado logo que tocou na bola, com 30 segundos de jogo. A primeira boa chance de gol da partida surgiu exatamente após uma tentativa de Somália pela direita. Herrera recebeu na entrada da área e chutou rente à trave, aos nove minutos.
antonio carlos botafogo gol paraná (Foto: Huerle Andrey / Agância Estado)
 

 alegria do Bota, no entanto, durou apenas um minuto. O Tricolor paranaense respondeu na mesma moeda. Gol de cabeça de um zagueiro, no canto esquerdo, após cobrança de escanteio. Rodrigo Defendi empatou a partida. O gol de empate e a chuva que apertou no Durival de Brito não mudaram o panorama da partida. Mesmo jogando em casa, o Paraná seguiu recuado, apostando em contra-ataques. E o Bota continuou mais incisivo. Antônio Carlos perdeu chance incrível aos 25, completando por cima na pequena área.Se com Joel Santana no comando, muitos torcedores - e até jogadores - reclamavam que o Botafogo tinha uma postura muito defensiva, o mesmo não ocorreu no primeiro tempo da "gestão Caio Júnior". O time visitante tomou a iniciativa. Aos dez, Márcio Rosário arriscou de longe. O goleiro Thiago Rodrigues não segurou, e a defesa paranista afastou o perigo. A ousadia alvinegra foi premiada aos 15. Somália cobrou escanteio, e Antônio Carlos, ex-Atlético-PR, apareceu no meio da área para cabecear e mandar a bola no canto esquerdo.

Se já passava por dificuldades na partida, o Paraná foi para o intervalo com um homem a menos. Aos 45, Luiz Camargo atingiu Herrera com uma cotovelada no rosto antes da cobrança de uma falta sobre a área. Alertado pelo auxiliar Rodrigo Figueiredo, o juiz Elmo Cunha expulsou o meia paranista. Mas não marcou o pênalti, porque a bola não estava em movimento.
Com um jogador a mais, Caio Júnior decidiu iniciar a segunda etapa com um atacante (William) no lugar de um volante (Rodrigo Mancha). E o jovem mostrou ter estrela. Logo com dois minutos, ele ajeitou de peito para Somália, que chutou forte de fora da área. O goleiro Thiago Rodrigues não segurou. William acreditou na falha do goleiro e completou para as redes, marcando seu primeiro gol como profissional em apenas dois jogos no time de cima.
Novamente, a alegria pelo gol virou preocupação. Um minuto depois da bola na rede, Somália fez falta em Diego. O volante já havia recebido amarelo e foi expulso. Na zona de rebaixamento do estadual, o Paraná, mesmo com a igualdade de atletas em campo, seguiu sem criatividade, com grande dificuldade de armar jogadas. Irritando grande parte dos torcedores no estádio. A equipe insisita em infrutíferos cruzamentos sobre a área.
Ricardo Pinto decidiu mexer no Tricolor aos 29, quando mandou o atacante Marquinhos a campo no lugar do meia Lima. Mas foi o Botafogo que esteve mais perto de eliminar o jogo de volta do que o Paraná de igualar o marcador. William quase balançou a rede novamente aos 31, mandando a bola rente à trave direita com um chute da entrada da área. Alessandro ainda perdeu outra chance aos 39, isolando uma bola no bico da área.
Nos minutos finais, o time da casa partiu para o desespero. Mas sem organização, não conseguiu o empate. Para a alegria do treinador que levou o time a uma inédita vaga na Libertadores. Mas que agora está do outro lado.

Sem criatividade no meio, Vasco não consegue sair do 0 a 0 com o ABC




Agora, para conseguir a classificação, o Vasco vai precisar de uma vitória no Rio. Um novo empate sem gols leva a disputa da vaga para os pênaltis. Empate por um ou mais gols dá a classificação para o ABC, assim como qualquer derrota. O jogo de volta será na próxima quarta-feira, dia 6/4, às 21h50m, em São Januário. Pelo Campeonato Carioca, o Vasco entra em campo neste domingo, às 16h, contra o Bangu, também em São Januário..O Vasco foi enfrentar o ABC no Frasqueirão, em Natal, com a esperança de eliminar o jogo de volta com uma vitória por dois gols de diferença na segunda fase da Copa do Brasil. Mas não foi o que aconteceu. Mostrando pouca criatividade no meio-campo, o time não conseguiu marcar um gol sequer e deixou a cidade com um 0 a 0. No fim das contas, a ausência de última hora do apoiador Felipe acabou fazendo muita falta. Alecsandro, que fez seu primeiro jogo como titular, teve atuação discreta.

Início com muita posse de bola, mas poucas chances de gol
Empolgado com o apoio da torcida, que fez bonita festa no Frasqueirão, o Vasco começou o jogo com mais posse de bola. Mas essa superioridade não se transformou em lances de perigo. O time sentia a falta de Felipe, que organizou bem o meio e o ataque nos dois últimos jogos. Bernardo correu muito, mas se mostrou um pouco afobado. Quando acalmou, levou perigo em um chute de longe e em uma cobrança de escanteio que quase surpreendeu o goleiro Wellington.
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Diego Souza flutuou muito tentando dar opções de jogada. O camisa 10 encostou muito na dupla de ataque e isso dificultou a criação das jogadas. Sem Felipe, cabia a ele fazer essa transição. Percebendo isso, Alecsandro, que estreou como titular, saiu para buscar jogo, o que foge das suas características. Mas foi desta maneira que ele levou perigo em um chute de longe que acabou saindo por cima do gol.

Percebendo as dificuldades do Vasco, o ABC equilibrou as ações e, aos poucos, foi tomando conta do meio-campo. O confronto esperado era entre Dedé e Leandrão, que se irritou com as declarações do zagueiro dizendo que conhecia pouco o time rival. Mas quem infernizou mesmo foi Ederson. O atacante, muito veloz, foi um perigo constante. Quem também assustou foi Pio. O lateral-direito mostrou categoria em dois chutes de trivela que assustaram Fernando Prass.
Falta de inspiração no meio
No intervalo, Ricardo Gomes pediu ao time a mesma atitude do início da primeira etapa. Mas as deficiências se repetiram. O meio de campo não conseguia fazer a ligação com o ataque. Eder Luis, que costuma ser uma válvula de escape com sua velocidade, fez partida bastante discreta.
O ABC seguiu levando perigo. Pio arriscou outra bomba, desta vez na direção do gol, obrigando Prass a fazer belíssima defesa. O camisa 1 ainda salvou o Vasco em chute cara a cara de Ray.
O problema no meio ficou ainda mais evidente com a ausência de apoio dos laterais. Os titulares Fagner e Ramon estão machucados e fizeram muita falta na noite desta quarta-feira. Na direita, o improvisado Allan até criou a jogada de maior perigo do Vasco após uma tabela com Alecsandro, fazendo papel de pivô na área. Mas tanto ele como Marcio Careca estiveram muito tímidos, dando poucas opções de jogada.
Ricardo Gomes ainda tentou mudar a dinâmica do setor vascaíno ao sacar Bernardo, que manteve a atuação discreta do primeiro tempo. Mas a entrada de Enrico pouco adiantou. Faltou o  toque de qualidade para deixar os atacantes em boas condições. No jogo de volta a presença de Felipe é provável. E é nos pés dele que mora a esperança vascaína.

No embalo da torcida, Santa bate São Paulo e leva decisão para Barueri


Um gol contra marcado por Rodrigo Souto, aos 34 minutos do primeiro tempo (veja no vídeo ao lado), deixou o São Paulo em situação complicada na Copa do Brasil. Diante de um Santa Cruz valente e empurrado por sua apaixonada torcida, que fez uma festa incrível no estádio do Arruda, o Tricolor paulista alternou muito durante os 90 minutos e saiu de campo com uma derrota por 1 a 0, no jogo de ida da segunda fase da competição. Para não ser eliminado na volta, dia 6, em Barueri, a equipe comandada por Paulo César Carpegiani terá de vencer o rival por dois gols de diferença. Se o placar do primeiro se repetir a favor do time do Morumbi, o classificado será conhecido nos pênaltis. Para os pernambucanos, valem três resultados: vitória, empate ou derrota por um gol, desde que marcando pelo menos um em Barueri (exemplo: 2 a 1, 3 a 2...).
Santa surpreende e Souto faz gol contra no primeiro tempo
Os dois times entraram com novidades na escalação. No Santa Cruz, Zé Teodoro resolveu reforçar a marcação no meio-campo com a entrada do volante Everton Sena ao lado de Jeovânio e Wesley. No São Paulo, a grande novidade foi Rivaldo - após se recuperar de uma lesão muscular na coxa direita, o meia ganhou sua primeira oportunidade como titular. Para ele, era a realização de um sonho jogar no Arruda, contra o Santa Cruz, seu time do coração e onde começou a carreira. O camisa 10 ficou com a vaga de Carlinhos Paraíba, que ficou como opção no banco de reservas.
No lugar da variação entre o 4-4-2 e o 3-5-2, o time entrou postado no 4-2-3-1: uma primeira linha de quatro defensores, Jean e Rodrigo Souto fazendo a proteção, uma terceira faixa com Lucas aberto pela direita, Rivaldo no meio e Fernandinho caindo pela esquerda e Dagoberto mais à frente, fazendo o papel de referência.
Antes de a bola rolar, o técnico do time pernambucano havia avisado. Para complicar as coisas para o São Paulo, era preciso primeiro acreditar que vencer era possível e depois atuar com o coração no bico da chuteira durante os 90 minutos. E foi exatamente dessa maneira que a equipe da casa começou a partida. Empurrado por sua fanática torcida, que compareceu em grande número ao estádio do Arruda (o público total foi de 46.681 pessoas), o Santa Cruz começou jogando de igual para igual.
A amostra inicial foi dada logo a dois minutos, quando Landu fez boa jogada pela direita e cruzou rasteiro, para boa defesa de Ceni. O São Paulo respondeu aos cinco. Dagoberto recebeu de Lucas e, ao tentar arriscar o chute da entrada da área, foi travado por Leandro Souza. Na sobra, Rivaldo bateu de pé esquerdo, no canto direito de Tiago Cardoso, que voou e fez grande defesa, para alívio da torcida.
Lucas são paulo santa cruz (Foto: Rubens Chiri / Agência Estado)
A partir dos dez minutos, o jogo mudou. Embora as duas equipes mostrassem muita vontade, as marcações começaram a prevalecer de ambos os lados. O São Paulo pouco criava porque Everton Sena grudou em Lucas, Wesley não deu espaço para Rivaldo e Jeovânio foi o marcador pessoal de Fernandinho. Juan pouco apoiava o ataque pela esquerda. Do lado contrário, Natan não conseguia criar. Como a bola não chegava, ora Landu, ora Gilberto, voltava para buscar jogo.
A emoção voltou à partida aos 23, quando Gilberto exigiu boa defesa de Rogério Ceni. O tempo passava e o Santa Cruz seguia jogando em ritmo acelerado, enquanto que o São Paulo já atuava de maneira mais cadenciada, esperando uma brecha para surpreender. Até que, aos 34, o Arruda veio abaixo. Após cobrança de falta pela direita, Miranda afastou de cabeça. A bola sobrou na esquerda para Gilberto, que passou como quis pelo próprio Miranda, invadiu a área e cruzou rasteiro. Rodrigo Souto, na tentativa de afastar o perigo, jogou para dentro do próprio gol, marcando gol contra. Santa Cruz 1 a 0. O São Paulo acordou e, aos 43, Dagoberto marcou de cabeça. Mas o gol foi bem anulado, já que o camisa 25 estava impedido.
Tricolor pressiona, mas gol de empate não sai
Apesar do forte calor, o segundo tempo recomeçou em alta velocidade. Com um minuto, cada time já havia criado uma chance. O São Paulo, que voltou com Carlinhos Paraíba na vaga do apagado Juan, chegou com Dagoberto, mas Tiago Cardoso defendeu e o Santa Cruz respondeu com Wesley, em lance que foi bem cortado por Rodrigo Souto de carrinho. Em relação ao primeiro tempo, o time paulista aproximou seus três meias de Dagoberto e o time passou a ter mais criação.
Aos cinco, o gol de empate só não saiu porque Tiago Cardoso fez bela defesa em chute de Dagoberto. Três minutos depois, Lucas invadiu a área pela direita e cruzou. A bola atravessou toda a área e sobrou para Fernandinho, que bateu por cima do gol. Aos 12, após belo passe de Alex Silva, Fernandinho cortou a marcação de Cléber Goiano e bateu no canto direito de Tiago Cardoso, que não deu rebote.
Aos 15, Carpegiani mexeu novamente, botando Ilsinho na vaga do irregular Rivaldo, que deixou o gramado aplaudido por metade do estádio e vaiado pela outra parte. Logo depois, o treinador partiu para o tudo ou nada, colocando Marlos na vaga de Rodrigo Souto. A esta altura, o Santa Cruz continuava com o mesmo vigor na marcação, mas com uma postura bem mais defensiva, pensando apenas em garantir o resultado. Para complicar para o time da casa, Leandro Souza, que já tinha cartão amarelo, fez falta feia em Fernandinho e foi corretamente expulso. Com um homem a menos, rapidamente Zé Teodoro trabalhou, colocando o zagueiro André Oliveira na vaga do meia Natan. Aos 27, o Santa chegou com perigo pela primeira vez: Wesley disparou uma bomba de fora da área e Rogério Ceni fez bela defesa.
Nos últimos 15 minutos, o São Paulo pressionou, buscou o empate, mas o Santa se defendeu como podia. Nas arquibancadas, quando parecia que a equipe ficava sem fôlego, a torcida entrava em ação e reanimava os jogadores. O time paulista teve apenas uma chance, em cabeçada de Miranda, que foi por cima do gol, após cobrança de escanteio de Fernandinho. E a decisão ficou para a próxima semana, na Arena Barueri.

Uma vitória, vários significados: Oscar sobra nos 3 a 0 do Inter


oscar internacional gol jorge wilstermann (Foto: Lucas Uebel / Vipcomm)
Teve um bocado de significados para o Inter a vitória de 3 a 0 sobre o Jorge Wilstermann, na noite desta quarta-feira, no Beira-Rio. Valeu pela liderança isolada do Grupo 6 da Libertadores, agora com dez pontos, serviu para praticamente garantir classificação, rendeu a manutenção da esperança de melhor campanha geral na primeira fase, apresentou um retorno qualificado de D’Alessandro, do início ao fim, e representou até um pouco de paz entre Zé Roberto e a torcida colorada. Mas nada tem efeito maior do que a consolidação do grande nome do Inter em 2011. Oscar acabou com o jogo.
O guri encanta. Ele fez um gol, deu a assistência para mais um e distribuiu lances de plasticidade artística – sejam passes ou dribles, sejam arrancadas ou assistências. D’Alessandro, outro destaque do time, e Zé Roberto marcaram os outros gols da equipe colorada.
Com o resultado, o Inter abriu três pontos sobre o Emelec, que tem sete, na segunda colocação. O Jaguares é o terceiro, com seis, e o Jorge Wilstermann, zerado, não tem mais chances de classificação. O time colorado volta a campo pela Libertadores já na semana que vem, no México, diante do Jaguares. Antes, no sábado, visita o Lajeadense pelo Campeonato Gaúcho.
 

Oscar multiplicado
Teve Oscar de tudo que é jeito. Teve Oscar chutando na beirada da área, teve Oscar cruzando na ponta esquerda, teve Oscar, para júbilo de Celso Roth, até marcando no campo de defesa. E teve, acima de tudo, Oscar fazendo o gol. Foi mais do mesmo: o guri, no primeiro tempo do jogo contra o Jorge Wilstermann, foi a melhor figura colorada, como vem acontecendo sistematicamente nos últimos jogos.
O ponto negativo para o Inter nos 45 minutos iniciais foi ter feito só um gol. O placar ficou magro e, em alguns momentos, até ameaçador. O time vermelho teve pelo menos oito oportunidades de gol, a maioria delas com participação efetiva de Oscar. A equipe de Celso Roth criou muito e aproveitou pouco.
O curioso foi que, a exemplo do que aconteceu na Bolívia, foi o Jorge Wilstermann quem ameaçou primeiro. Luis Garcia chutou cruzado, e Lauro defendeu. A partir daí, começou a coleção de oportunidades dos colorados. Oscar, com cinco minutos, recebeu de D’Alessandro na entrada da área e já girou para o gol com um chute. A bola saiu por pouco.
Mas chance boa mesmo, daquelas cristalinas feito água potável, foi Bolívar quem teve. D’Alessandro, pela esquerda, encontrou Leandro Damião, que ofereceu o que costuma receber: um cruzamento. A bola sobrou para o zagueirão dentro da área, de frente para o gol. Ele não conseguiu encaixar o corpo e chutou por cima. Mas foram puro desperdício os cabelos arrancados pelos colorados nas arquibancadas. O gol logo sairia.
Foi um lance bonito e curioso ao mesmo tempo. A beleza esteve com D’Alessandro. Ele dominou a bola e deixou de calcanhar para Kleber na ponta. O cruzamento sobrou para Wilson Matias, que perdeu tempo e chutou sobre a zaga. No rebote, apareceu Oscar, o múltiplo, para concluir a gol. A bola bateu em um zagueiro, voltou na barriga dele e retornou para o gol. Mauro Machado, o goleiro boliviano da equipe de Cochabamba, viu, incrédulo, a bola morrer em seu canto esquerdo.
Era um jogo moldado para Oscar antes do gol. E continuou sendo depois dele. O garoto, pela esquerda, deixou a espinha de dois adversários em formato de ponto de interrogação e mandou o cruzamento. Leandro Damião, de touca (por causa de um sangramento), cabeceou no canto. O goleiro defendeu.
Logo depois, o guri pintou de novo. Desta vez, ele acionou Zé Roberto na área, por baixo. O meia-atacante dividiu com o goleiro, que levou a melhor. Um chute de fora da área, perto do ângulo, completaria o repertório de Oscar no primeiro tempo. D’Alessandro ainda cobrou falta com perigo, sobre o gol boliviano.
D’Alessandro, o retorno; Zé Roberto, a reconciliação
D’Alessandro voltou. Na verdade, voltou no sábado, contra o São Luiz, mas retorno mesmo, daquele jeito que os colorados tanto queriam, foi aos 12 minutos do segundo tempo. O camisa 10 recebeu na área, enganou a zaga e mandou chute colocado. Enquanto a rede ainda balançava, ele dava um abraço nos roupeiros do Inter. Ah, detalhe: o passe foi de Oscar...
O Inter poderia ter ampliado antes. Até Guiñazu, que manda um chute a gol por século, resolveu arriscar a gol. O goleiro desviou para fora. Oscar teve mais um momento de protagonismo. Recebeu na área e mandou pancada em diagonal. Mauro Machado salvou.
Rafael Sobis aquecia na beira do campo, pronto para substituir Zé Roberto, quando saiu o terceiro gol. Justamente de Zé Roberto. Kleber cruzou da esquerda, Leandro Damião desviou e o camisa 23 completou. Foi a garantia dos aplausos para o jogador ao ser substituído.
Índio poderia ter feito outro. Oscar mandou uma bomba para o goleiro buscar no ângulo. Houve troca de passes, houve tempo passando, houve controle absoluto do Inter - Lucas Fernández, do Jorge Wilstermann, foi expulso ao chutar D'Alessandro por trás. Mas talvez o mais representativo no segundo tempo tenha sido a substituição de Oscar. Quase 30 mil pessoas, de pé, aplaudiram o guri.

Cruzeiro vence o Guaraní-PAR e fica com a primeira colocação nas mãos


Em um Defensores del Chaco praticamente vazio, já que a torcida do Guaraní não compareceu ao estádio, o Cruzeiro perdeu várias chances, mas fez o suficiente para conquistar mais uma vitória no Grupo 7 da Taça Libertadores: 2 a 0 na equipe paraguaia. O time mineiro se aproveitou do fato de os anfitriões já estarem eliminados e terem atuado com uma formação mista. Thiago Ribeiro, ainda no primeiro tempo, e Ortigoza, no fim da partida, marcaram os gols celestes.(Veja os melhores momentos da partida ao lado).
Com o resultado, o Cruzeiro chegou aos 13 pontos ganhos e praticamente garantiu a primeira colocação da chave. Com saldo de 16 gols, contra um do Estudiantes, a Raposa, já garantida nas oitavas de final, só não se classifica como o melhor da chave se for derrotado por oito ou mais gols de diferença no próximo dia 13 de abril, quando enfrenta o time argentino comandado por Verón. A partida será realizada em La Plata, às 21h50m (de Brasília).
O jogo desta quarta-feira ainda foi especial para o goleiro Fábio e o volante Marquinhos Paraná, que se tornaram recordistas em número de partidas pela Taça Libertadores com a camisa celeste. Os dois completaram 41 jogos e passaram o goleiro Raul, que defendeu o clube nas décadas de 60 e 70.
thiago ribeiro cruzeiro gol guarani-par (Foto: agência AP)
O Cruzeiro agora volta as atenções para o Campeonato Mineiro. No próximo domingo, às 16h (de Brasília), a equipe de Cuca enfrenta o Guarani na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Com um jogo a mais, o time é o líder do estadual com 22 pontos, cinco a mais que o arquirrival Atlético-MG, terceiro colocado.
Superioridade e acomodação
O Cruzeiro começou a partida arrasador. Contando com a fragilidade do adversário, o time mineiro foi para cima e criou ótimas oportunidades de marcar. No primeiro lance, Thiago Ribeiro não conseguiu completar para as redes, após receber um ótimo cruzamento de Montillo.
Aos 17 minutos, Roger, Wallyson, Montillo e Thiago Ribeiro foram os personagens do primeiro gol dos visitantes. Os quatro trocaram passes e, por fim, Thiago, o protagonista, entrou livre na área, frente a frente com o goleiro Silva. O atacante não titubeou e tocou no canto esquerdo para abrir o placar.
O Cruzeiro ainda teve outras chances, novamente com Thiago Ribeiro e também com Wallyson, que perdeu oportunidade incrível. O Guaraní se segurou e, aos poucos, deixou a defesa e começou a se aventurar no ataque. Com isso, Fábio começou a trabalhar.
O goleiro cruzeirense, em grande forma, acabou aparecendo com destaque. Fábio fez, pelo menos, duas defesas incríveis, que impediram o Guaraní de conseguir algo melhor na primera etapa. Os jogadores celestes deixaram o gramado reclamando de acomodação.
Passividade celeste
O técnico Cuca chamou a atenção dos jogadores no intervalo. O comandante celeste pediu mais empenho e seriedade no momento de finalizar a gol. Em um primeiro momento, a impressão era de que a atitude seria diferente, mas com o passar do tempo, o marasmo novamente tomou conta.
O Guaraní-PAR não apresentava nenhuma resistência, mas o Cruzeiro não conseguiu impor o futebol veloz que apresentou nas últimas partidas. Cuca ainda tentou mudar o time, com as entradas de Everton, Wellington Paulista e Ortigoza, mas a situação demorou a mudar.
Após algumas chances perdidas, o paraguaio Ortigoza ainda teve tempo, aos 46 minutos, de fazer o segundo. Ele avançou sozinho, driblou o defensor e bateu forte e cruzado. A bola foi no canto direito de Silva, sem chance de defesa.

terça-feira, 29 de março de 2011

Da lateral para o meio-campo, Lúcio aumenta o repertório de fundamentos



Analogia semelhante pode ser feita na vida real, onde a inteligência artificial dos videogames busca inspiração. É o caso do lateral-esquerdo Lúcio, do Grêmio, que na migração ao meio-campo agregou mais estrelas à sua lista pessoal de fundamentos.No futebol dos videogames de última geração os jogadores virtuais são diferenciados pelas suas habilidades. Em uma lista, estrelas apontam os fundamentos que caracterizam o atleta selecionado. Um bom atacante, por exemplo, tem na sua constelação de virtudes o chute forte, o drible, a cabeçada...quanto mais sinalizações, maior a qualidade. Estudar os fundamentos permite à pessoa que manipula o controle contextualizar em qual posição o nome selecionado apresenta melhor desempenho.

Com 31 anos, Lúcio sempre foi lateral. Mas, há 24 partidas, atua como meia na segunda linha do losango elaborado pelo técnico Renato Gaúcho no 4-4-2 tricolor. Precisou adaptar-se em uma região do campo que exige outros atributos.
- No início eu me sentia tipo um cachorro que caiu da mudança (risos). Não sabia como me posicionar ali para marcar, principalmente. Então o Renato conversava comigo, dizia como fazer, e eu fui me adaptando - lembrou.
Lúcio do Grêmio jogando video game  (Foto: Eduardo Cecconi / GLOBOESPORTE.COM)
Essa transformação aconteceu subitamente. Lúcio voltava de lesão, ano passado, e treinava em um coletivo dos reservas contra os juniores. Por acaso, faltava um atleta para preencher a faixa esquerda do losango na equipe de suplentes. Despretensiosamente, Lúcio foi escalado na função.
Com uma naturalidade surpreendente, Lúcio agradou. Às vésperas do encerramento de contrato, sem saber se ficaria no Grêmio, e com a lateral-esquerda ocupada pelo titular Fábio Santos, estreou o improviso em 29 de setembro. E destacou-se na vitória de 4 a 2 sobre o São Paulo.
Desde então é titular da função, a ponto de renovar contrato e de receber a camisa 11, não mais a 6, na numeração fixa do clube em 2011.
- É como eu digo, agora não é mais improviso. Improviso é quando você joga dois ou três jogos. Já estou com mais de vinte.Lúcio, jogador do Grêmio
Lúcio reconhece a necessidade de aprender mais sobre o trabalho no meio-campo. Tendo no espanhol Xavi, do Barcelona, a principal referência, o jogador gremista assiste a vídeos de outras equipes para observar o comportamento dos meias. E, também, analisa o próprio desempenho nas gravações dos jogos do Grêmio:
- Eu vejo nesses vídeos a movimentação e o toque de bola. O Xavi, por exemplo, não corre com a bola mas ele está sempre com a bola. Ele toca rápido e se movimenta para receber. É isso que precisa ser feito ali no meio. Ficar o menor tempo possível com a bola no pé, tocar e movimentar para receber.
Como lateral, Lúcio precisava de velocidade para fazer as ultrapassagens pelo lado do campo, de aceleração para vencer os marcadores na corrida, e de boa capacidade para marcar. Ele tinha, ainda, o conhecimento da função. No meio-campo acendeu a luz de outras estrelas em sua lista de habilidades.
- Ali no meio a gente se desgasta mais, movimentando o tempo inteiro, precisa de mais resistência. O raciocínio também tem que ser mais rápido. Assim como o passe precisa ser rápido. No meio-campo o jogador fica de costas para o adversário, para girar precisa de agilidade.
Aperfeiçoando-se, agregando fundamentos ao repertório, Lúcio recorda uma frase do atacante colombiano Muñoz, com quem atuou no Palmeiras:
- Ele dizia que para jogar em time grande o jogador não pode ter apenas uma qualidade. Ele precisa saber fazer mais de uma coisa. E é isso mesmo o que acontece.

A hora de Oscar: meia resgata talento no Inter e mira até a Seleção


Oscar Internacional (Foto: Edu Rickes / Globoesporte.com)
Imagine a situação. Na meninice de seus 18 anos, já apontado como uma das maiores promessas de craque do país, um jogador se vê mergulhado em uma confusão jurídica com um dos principais gigantes brasileiros. Aí ele consegue liberação, ruma para outro clube de quilate mundial e pensa que terá um pouco de sossego. Mas chega lá e encontra um treinador disposto a infernizar a vida dele, treino após treino, até que ele alcance quase a perfeição. Oscar bem sabe como é. Quase um ano depois de ter vencido a briga com o São Paulo nos tribunais, o meia é titular e um dos destaques do Inter, o time de Celso Roth. Com as orelhas quentes pelos puxões do treinador e com os pés tinindo pelo talento que carregam, a esperança começa a virar realidade.
Oscar arrebenta nos treinos do Inter desde o segundo semestre do ano passado, meses depois de chegar ao Beira-Rio, após conquistar rescisão na Justiça, onde denunciou aquilo que considerou incoerências em seu contrato com o São Paulo. São dribles para um lado, assistências para outro, conclusões que parecem questionar as leis do tempo e do espaço. Ele impressiona no Sul. Mostra por que era visto com tanto entusiasmo no Morumbi. E começa a pavimentar uma estrada que sabe-se lá até onde levará. Passada a turbulência da saída do São Paulo, ele se encontrou no Inter. Dá sinais que é, de fato, um craque em potencial.
O jogador não se empolga. Ele ainda se vê como coadjuvante no Inter, mas confia que a evolução em seu futebol pode render uma convocação para a Seleção Brasileira em breve. Com as Olimpíadas de Londres como obsessão, o meia até reage com alegria às broncas do chefe, conforme deixou claro em entrevista exclusiva concedida ao GLOBOESPORTE.COM nesta segunda-feira.
Oscar Internacional (Foto: Edu Rickes / Globoesporte.com)
Você já tem quase um ano de Inter. Analisando tudo que aconteceu, valeu a pena ter saído do São Paulo e ido para o Beira-Rio?
Valeu. Valeu muito. Pelo que estou vivendo, valeu. No começo, nada é fácil. Tem que mostrar o valor. Eu estou mostrando. Espero continuar assim.
Imagino que tenha batido uma dúvida sobre se era uma boa ideia sair do São Paulo em todo aquele imbróglio jurídico.
Eu sempre pensei positivo, sempre pensei que daria certo. Cheguei no Inter em uma semifinal de Libertadores. É difícil chegar assim e já querer jogar. Mas cheguei feliz. Todo mundo me tratou super bem. Hoje, estou feliz aqui. Gosto de Porto Alegre. Eu me dei muito bem com o clube.
Não sei o quanto você acompanha o que se diz a seu respeito, mas a imprensa faz muitos elogios a seu desempenho desde o ano passado, a torcida parece encantada com você e o próprio Celso Roth faz muitos elogios ao seu rendimento. Mas qual a sua análise? Você está satisfeito?
Oscar Internacional (Foto: Edu Rickes / Globoesporte.com)

Estou. Eu sei que posso mostrar um pouquinho mais. Sei que estou melhorando. O Celso mesmo falou que estou melhorando a cada dia. E estou mesmo. Estou pegando confiança. Não cheguei ao meu melhor momento. Posso melhorar bastante. Estou em uma sequência boa de jogos desde a seleção sub-20. Estou confiante em tudo que faço. E estou feliz, dentro e fora de campo. Isso ajuda bastante.

No que você pode melhorar?
Posso melhorar minha parte física. Quero fazer gol, quero dar passe. Fiquei chateado por nosso time não ter feito gols no último jogo. Quero melhorar. No jogo, acontece de o jogador errar um ou dois passes, mas eu não gosto de errar. É uma coisa minha. Não gosto de errar no jogo. Eu me sinto mal. Depois, tenho que fazer uma jogada boa. Eu quero ser sempre o melhor possível. Com isso, vou conseguir jogos bons, títulos. É o que procuro.
Sempre me chamou muito a atenção, especialmente no ano passado, o tratamento dado pelo Roth a você nos treinos. Ele infernizava sua vida. Gritava com você mais do que com qualquer outro. Certamente, não era por acaso. Ali, ele via que estava um jogador que seria titular. Como era isso para você?
Nossa... (Risos) Eu chegava em casa e falava para minha esposa: “Meu Deus, por que o Roth pega tanto no meu pé?”. Todo mundo erra, mas eu errasse, ele vinha em cima de mim. Eu achava até engraçado. Mas eu sabia que ele me cobrava porque sabia da qualidade que eu tinha. Hoje, posso ajudá-lo bastante. Mas ele me cobra bastante mesmo assim. Ele ainda me cobra em todos os treinos. Se eu faço alguma coisa errada, ele já fala alto. Mas é até gostoso isso. Eu me sinto bem. Ele tem que cobrar mesmo.

Quando eu cheguei, era só do meio para a frente. Marcar era muito difícil. Fui aprendendo, me dedicando ao aspecto tático. Melhorei bastante. Na seleção (sub-23), fiz grandes jogos armando o time, deixando o Neymar jogar. Aqui, estou procurando melhorar em tudo. O Roth com certeza tem uma percentagem muito grande nisso, porque ele me cobra muito no aspecto tático. Isso só vai me ajudar.Você, nos últimos jogos, apareceu marcando na bandeirinha de escanteio do campo de defesa e passou até a fazer faltas. Parece que está com um aspecto defensivo mais forte. É um pedido do Roth?

Antes de vir para o Inter, teve toda aquela situação com o São Paulo. Você já superou isso?
Já esqueci. É passado para mim. Tudo que aconteceu tinha que acontecer. Hoje, estou muito feliz aqui. Até parece que me criei no Inter, pelo jeito como a torcida me trata. O que aconteceu no São Paulo já passou.
Você é muito novo, mas parece maduro para a idade. Até casado já é.
Para minha idade, me considero maduro, sim, por tudo que já passei. Já passei momentos ruins e momentos bons nesse início de carreira. Isso dá um aprendizado, um crescimento. Sou casado há um ano e pouco. Com isso, fora de campo, o cara se torna mais homem. Isso tudo foi muito legal para mim.
A impressão que você passa é de ser um jogador com muita confiança no seu futebol. No meio de um monte de fera, você domina a bola e já chuta a gol. Você se sente um atleta que confia na própria qualidade?
Tenho que confiar em mim. Se não confiar em mim aqui no Inter, não tem como, porque são muitos jogadores bons. O elenco do Inter é um dos melhores do Brasil. É muito forte. Tenho que acreditar em mim porque quero buscar meu espaço, quero ser titular, como tem acontecido agora, e quero ajudar muito o clube.
E contando com essa concorrência, mas também considerando essa confiança, você pensava, há um ano, quando chegou ao Inter, que hoje já seria titular e um dos destaques do time?
Eu não imaginava que esse ano começaria tão bem. Era um ano eu que eu começaria junto com todo mundo e brigaria junto com todo mundo, como está acontecendo agora. Eu estou me esforçando. Nunca fui mal nos treinos. Em cada treino, me dedico bastante. É por isso que estou me dando tão bem nos jogos. Se não treina bem, não joga bem, não acerta. Eu acertava no treino, ia bem, e agora comecei a fazer bons jogos também. É a confiança. Quando você pega confiança, vai para a frente.
E essa parceria que se avizinha, entre você e o D’Alessandro? É uma boa jogar ao lado dele, não?
É uma boa. Quando eu toco nele, já passo para receber. Se não recebo, é porque ele fez alguma outra boa jogada. Ele é ídolo aqui do Inter. É o 10 do time. A volta dele vai nos ajudar bastante. Se eu jogar ao lado dele, vou procurar ajudá-lo bastante. Eu preciso da ajuda dele, e ele também vai precisar da minha. Com a gente se entrosando, pegando uma sequência, as coisas podem sair muito bem.
Acho que é inegável que os dois destaques do Inter na temporada são você e o Leandro Damião. De repente, surgiu uma convocação para o Damião na Seleção. Isso não te fez pensar que o mesmo pode acontecer contigo?
Quando fiquei sabendo da convocação do Damião, fiquei muito feliz. E aquilo me deu um toque de que também posso ser chamado a qualquer momento se continuar nesse ritmo, se continuar fazendo os jogos que estou fazendo. Pode ser na próxima convocação, pode ser daqui para a frente, porque o Mano está testando várias opções. Posso ter minha chance também se eu continuar desse jeito. Espero continuar, para também ter minha chance mais para a frente.
Você sente que essa chance pode pintar em breve, então?
Sinto. Sinto que pode pintar, sim. Se eu melhorar e, como te falei, não errar nada nos jogos, eu, Damião e muitos do nosso time têm condição de pegar a Seleção. É tudo consequência dos campeonatos. Se a gente for bem na Libertadores, for passando de fase, as pessoas começam a olhar diferente, começam a ver que esse time é diferente. Não espero que só eu pegue a Seleção. Espero que todo o time vá bem.
Você bota fé que o Inter pode ser campeão da Libertadores de novo?
Oscar Internacional (Foto: Edu Rickes / Globoesporte.com)
Pelo time que a gente tem, por termos um elenco muito forte, eu boto fé, sim. É só pegar o entrosamento com todo mundo voltando. Nosso time é muito forte dentro e fora de casa. Acho que nosso time é até mais forte fora de casa. Quando o adversário vem para cima de nós, se ele perde a bola, nossa contra-ataque é muito bom, com o Damião fazendo gols. Espero que a Libertadores continue assim. Tivemos duas goleadas. Temos que continuar nesse ritmo.
Quais você acha que serão os próximos passos da tua carreira?
Não sei. Não imagino o que vai acontecer.
Você não planeja questões pontuais?
Não. O que planejo é aqui no Inter. Eu sonho muito com essa Libertadores e com o Brasileiro, que virá muito forte, com muitos times se reforçando. Vai ser só jogo bom. Penso nisso. Temos o Gauchão, e precisamos ser campeões do segundo turno. É isso que planejo. O que acontece depois, não imagino. O que penso é em fazer grandes jogos e me confirmar como titular, o que é muito difícil aqui.
Você participou do Mundial, inclusive entrou contra o Mazembe. Para o clube, foi um trauma muito grande, talvez a maior de todas as derrotas. E para você, pessoalmente, como foi?
Eu vivi aquele momento. Foi difícil. Todo mundo esperava que a gente ganhasse aquele jogo e fizesse a final. O futebol é isso aí. Não fizemos os gols que deveríamos. Conforme não sai o gol, conforme a bola não entra, vai ficando mais difícil. Eles fizeram os dois gols. No primeiro, já deu uma complicada. Ninguém espera levar um gol do Mazembe. Mas foi o que aconteceu. É por isso que acredito que a gente pode ser campeão da Libertadores. Todo mundo quer mostrar que pode chegar lá de novo, ir a uma final, ser campeão mundial. Só conseguiremos isso se conquistarmos a Libertadores.
Ser apontado como um craque, ou um potencial craque, aos 19 anos representa o que para você? Muitos, em situação parecida, confirmaram a qualidade, mas outros tantos não conseguiram.
Não fico pensando nisso. Quero jogar todo jogo bem. Conseguir se transformar em um craque é consequência. O que quero é virar um grande jogador. Se vou ser craque ou não, é consequência. Quero conquistar títulos. Conquistando, ganha moral com todo mundo, é comparado a um ou outro. Quero virar um grande jogador, independentemente de ser um craque. No Inter, o Celso Roth me falou que eu era um coadjuvante, que eu tinha que ajudar todo mundo. Eu tento correr o máximo para ajudar todo mundo. Não sou titular absoluto. Tenho que correr mais do que os outros mesmo.
Você acha que ainda é coadjuvante no Inter?
Ah, sou, sim. O Inter tem Guiñazu, tem D’Alessandro, tem Kleber, tem Bolívar, tem o Damião surgindo. São grandes jogadores. Eu estou surgindo. Eu vou buscar meu espaço, mas tenho que correr o dobro.
Você tem alguma obsessão na sua carreira? No que você pensa agora e não tira da cabeça que precisa conquistar?
As Olimpíadas. É algo que o Brasil ainda não conquistou, e eu gostaria muito de participar disso.
Está próximo, não te parece? Você teve toda a participação no Sul-Americano...
Acho que está próximo. Se eu continuar nesse ritmo, tenho chance de pegar uma vaga. Estou torcendo muito por isso. Vou trabalhar ainda mais para confirmar.

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