Nem bem completou a maioridade, o meia Nikão já tem no currículo, entre categorias de base e profissionais, passagens por nove clubes: Casimiro de Abreu-MG, Mirassol-SP, Palmeiras, Santos, Atlético-MG e Vitória, além de CSKA-RUS, PSV-HOL e Príncipe-ARA. Tratado como promessa durante quase toda a carreira, o jogador ainda não vingou. Em Salvador, Maycon Vinicius Ferreira da Cruz - que vai completar 19 anos no dia 29 de julho - parece ter encontrado o caminho certo.
No início desta temporada, o meia foi emprestado até dezembro ao Leão pelo Atlético-MG, onde chegou em 2010 e não conseguiu se firmar. Na Bahia, emplacou boas partidas pelo Vitória: em cinco jogos, marcou cinco gols. O contrato com o Galo termina somente em 2014, mas, em boa fase, ele já adianta que não se vê novamente atuando pelo time mineiro:
- Quero trabalhar aqui, fazer o melhor possível. Mas acho que não volto para o Atlético-MG. Se eu for para lá de novo, vou ficar na mesma rotina de treino, sem jogar. Não vou ficar se não for para jogar. Pretendo ir para outro clube do Brasil ou de fora. Gosto muito do Atlético, que tem uma estrutura espetacular. Dá prazer de treinar ali. Mas não tive oportunidade de mostrar meu futebol. Por isso fui desanimando, fiquei chateado. No Vitória tive a confiança da diretoria, do (Antônio) Lopes. Está tudo dando certo, as coisas vão acontecendo - disse, em entrevista por telefone.
Por falar em Antônio Lopes, Nikão não poupa elogios ao falar sobre o treinador do Leão e credita boa parte de seu sucesso no clube ao delegado:
- A nossa relação é a melhor possível. Ele é uma pessoa espetacular, que me dá muitos conselhos, tem o lado pai dele, conversa muito. Não tem como não gostar, não tem nada de ruim para falar dele. Você tem prazer de jogar pela pessoa. Todo mundo gosta do Lopes. Até os reservas entendem a postura dele.
Nascido e criado na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, o jogador teve uma infância difícil. Órfão de pai e mãe, foi criado pela avó e ainda viu familiares e amigos se envolverem com drogas. A força para superar tantos problemas, ele encontrou cedo no futebol. E foi no Casimiro de Abreu, clube local, que Nikão deu seus primeiros passos no esporte.
- Sempre tem influência ruim, um ou outro que me chamava, me oferecia coisas, mas sempre foquei em jogar bola. Quando jogava em um campinho de terra, do lado de casa, o pessoal falava que eu teria sucesso. Aí, um dirigente do Casimiro me viu jogando, gostou e me mandou ir para lá - disse.
Se depender do apelido que ganhou na Rússia, em 2004, Nikão é certeza de muito sucesso, mas também de polêmicas. Era chamado de Maradona Negro no CSKA:
- Quando fui para o CSKA, os moleques de lá eram todos brancos, só tinha eu de pretinho. Eu, pretinho e canhoto, e os caras, todos branquelos. Daí surgiu o apelido.
No Santos, no ano passado, o meia começou a se destacar: foi um dos principais nomes da equipe no vice-campeonato da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Detalhes contratuais, porém, impediram que o atleta pudesse continuar sua trajetória na Vila Belmiro:
- Eu não quis renovar com o Santos. Eles queriam me dar pouco dinheiro. Veio o Atlético-MG e chegou à pedida salarial que eu gostaria.
O jogador, que tem como ídolos Kaká e Messi, sonha se firmar na Europa e chegar à Seleção Brasileira. Afirma que seu empresário, Carlos Roberto, já recebeu propostas de outros clubes, mas não quis lhe dizer quais. Nikão, que já atuou com Neymar na Seleção sub-16 e com Lucas na sub-18, conta que seu maior objetivo, hoje, é a disputa das Olimpíadas de 2012, pela Seleção sub-23:
- É meu grande objetivo, com certeza. Vai ser muito gratificante jogar com eles (Neymar e Lucas) de novo. Foi muito bom jogar com eles na base.
No Vitória, ele destaca o entrosamento com Elkeson e Geovanni. Juntos, eles formam o trio de meias que têm atuado improvisados no ataque nas últimas partidas do Vitória:
- O Geovanni, por ser mais experiente, dá conselhos no decorrer do jogo. E a gente procura sempre estar se revezando no espaço ali na frente. Um fecha, o outro fica mais aberto. Deu certo.
O titular, Neto Baiano, está fora do time titular por ter recebido uma suspensão de quatro jogos, após se envolver em uma confusão com o árbitro do último Ba-Vi, disputado no dia 20 de fevereiro. Mas o trio está tão bem que os torcedores do Vitória já começam a questionar uma possível volta do atacante.
- Isso aí deixa para o Lopes, né? É uma dor de cabeça, uma bomba que caiu no colo para ele resolver - analisa Nikão.
Feliz na capital baiana, o meia espera retribuir cada vez mais o carinho da torcida:
- Nosso objetivo é o campeonato estadual, e depois o acesso à Série A. Quero colocar o Vitória de volta onde ele merece.
O Vitória é o líder do Grupo 4 da segunda fase do Campeonato Baiano, com seis pontos em dois jogos. Neste domingo, às 16h, contra o Feirense, fora de casa, Nikão terá a oportunidade de manter a excelente média de um gol por partida pelo Rubro-Negro.
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