Os torcedores do Fluminense têm como costume apontar o clube como “destruidor de centenários”. Foi assim com o Flamengo, em 1995, quando conquistou o estadual; com o Coritiba, em 2009, quando decretou o rebaixamento do adversário; e, por fim, no ano passado, levando a melhor na briga contra o Corinthians pelo título do Brasileirão. Pois é, chegou a vez de manter a escrita em um Centenário que já nasceu vencedor: o estádio localizado em Montevidéu, no Uruguai.
Apontado como monumento histórico do futebol mundial pela Fifa em 1983, o estádio foi construído em 1930 para a primeira Copa do Mundo e é apontado como um templo do futebol uruguaio. Toda a mística e a capacidade de 55 mil torcedores, inclusive, foram preponderantes para que o Nacional transferisse do acanhado Parque Central para o Centenário o duelo decisivo diante do Tricolor, nesta quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), pela quinta rodada do Grupo 3 da Libertadores.
Se o principal capítulo da história do futebol do Uruguai foi construído no Maracanã, com o Maracanazo de 1950, foi no gramado do Centenário que a Celeste Olímpica conquistou seu primeiro título mundial, com vitória por 4 a 2 sobre a Argentina na decisão em 1930. E as lembranças dessa época não são somente fotos desbotadas e imagens de baixa qualidade. Ali pertinho do gramado, a Plateia Olímpica, batizada em homenagem ao time bicampeão dos Jogos em 1924 e 28, é preservada ainda em sua construção original.
Toda a mística do estádio uruguaio é capaz de impressionar até mesmo jogadores experientes e com rodagem por todo o mundo, como Deco. Supercampeão na Europa, o luso-brasileiro tem a oportunidade de entrar em campo pela primeira vez fora do Brasil na América do Sul e comemora o fato de isso acontecer em um local tão especial para o futebol.
- Para mim, é legal. Tive a sorte de jogar em quase todos os grandes campos do mundo, inclusive o Maracanã antes de fechar. Jogar em estádios com história rica no futebol é uma experiência fantástica. É bacana para mim, para meus filhos.
Sede ainda de quatro Copas Américas, dois Sul-Americanos Sub-20, um Sub-17 e um Mundialito, o local chama a atenção mais por seu valor histórico do que pela beleza ou estado de manutenção. Se a grandiosidade e a arquitetura impressionam, o descuido é notado. As populares, atrás do gol, estão em estado precário, assim como poços que acumulam água parada logo atrás das metas, já após o alambrado.
Casa oficial da seleção uruguaia e sempre usado pelo Peñarol, o Centenário se transforma em palco do Nacional em ocasiões especiais. É o caso desta quarta, quando vencer será fundamental para tricolores do Rio e de Montevidéu. Enderson Moreira comentou os prós e contras do local.
- Por ser um campo maior, é interessante. Mas por outro lado cabem mais torcedores. A pressão pode ser maior. Além disso, o Parque Central tem um piso muito bom, enquanto o Centenário não tem tanta qualidade de gramado.
Apesar da capacidade de pouco mais de 65 mil torcedores, 55 mil ingressos foram colocados à venda pelo Nacional, 40 mil desses vendidos antecipadamente. Expectativa de pressão grande, parada dura e promessa de festa dos donos do Centenário. Mas quem disse que isso assusta o Flu? Flamengo, Coritiba e Corinthians que o digam.
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