Domínio total no primeiro tempo, apagão crucial no segundo. Sem conseguir transformar a superioridade inicial em vantagem no placar, o Fluminense sofreu dois gols logo no início da etapa final e acabou derrotado por 2 a 0 pelo Nacional-URU, na noite desta quarta-feira, no Estádio Centenário, em Montevidéu.
O resultado deixou o Tricolor em situação desesperadora no Grupo 3 da Libertadores. Com cinco pontos em cinco jogos e ocupando a lanterna da chave, o time comandado pelo técnico Enderson Moreira precisa de uma vitória na última rodada, diante do Argentinos Juniors, em Buenos Aires, no próximo dia 20, e ainda torcer por uma improvável combinação de resultados para se classificar. Já o Nacional-URU chegou aos sete pontos e enfrenta o América-MEX, em casa, também no dia 20, dependendo apenas de uma vitória para avançar. Ainda nesta madrugada de quarta para quinta, o América derrotou em casa o Argentinos Juniors por 2 a 1, de virada, e assumiu a ponta do grupo, com nove pontos.
Agora, além de vencer na última rodada, o Flu terá ainda de torcer para que o Nacional não vença o América. Caso haja empate entre uruguaios e mexicanos (estes que garantiriam classificação), a equipe brasileira precisará de uma vitória por, no mínimo dois gols de diferença (Flu e Nacional iriam para oito pontos, sendo que o saldo dos uruguaios permaneceria zero e o do time das Laranjeiras, que hoje é de – 2, também estaria zerado). Os brasileiros, então, ficariam com a segunda vaga por terem mais gols a favor, hoje 5 a 3.
Antes disso, porém, o Fluminense terá mais uma 'final' pela frente. No próximo domingo, o Tricolor irá até Macaé para enfrentar o Americano, às 16h. Com 11 pontos, a equipe ocupa a terceira posição do Grupo B da Taça Rio, atrás de Botafogo e Olaria. Uma vitória é fundamental para seguir sonhando com a semifinal da competição.
Domínio tricolor na etapa inicial
A estratégia da diretoria do Nacional-URU de tirar a partida do Parque Central e passá-la para o Centenário deu certo. O estádio estava praticamente lotado. 40 minutos antes de a bola rolar, os 'hinchas' da equipe da casa já cantavam sem parar. Na área reservada aos tricolores, muita animação. Cerca de 300 torcedores incentivavam o time e exibiam faixas de protesto contra o ex-treinador Muricy Ramalho, hoje no Santos. Uma delas continha os seguintes dizeres: 'MU$RICY, o ético de 1 milhão de dólares'.
A pressão prometida pelos torcedores uruguaios, no entanto, não fez efeito no início. Jogando bem compactado e sem errar muitos passes, o Fluminense fazia do Estádio Centenário o seu Maracanã em plena Montevidéu. Mostrando um futebol aguerrido, bem diferente do apresentado nos últimos jogos de Muricy, o Tricolor teve duas boas chances nos primeiros dez minutos. Primeiro, Fred achou Souza na cara do gol, e o apoiador chutou em cima de Muñoz. Pouco depois, foi a vez de o próprio Souza lançar para Emerson. O Sheik recebeu sozinho e foi abafado pelo goleiro rival ainda fora da área.
O Nacional-URU mal passava do meio-campo e só incomodava em bolas alçadas que passavam longe do gol de Ricardo Berna. Os rebotes simbolizavam bem o domínio tricolor, ainda mais evidenciado pela posse de bola na primeira etapa: 65% a 35%. Praticamente todas as sobras ficavam com os jogadores do Fluminense, fosse na defesa ou no ataque. Faltava apenas arriscar mais finalizações. Entre os jogadores, Edinho, Valencia e Fred se destacavam. Já Emerson e Conca erravam praticamente tudo o que tentavam. O único susto aconteceu no último minuto. Godoy cobrou escanteio com efeito e quase surpreendeu Berna.
- O time está jogando muito bem. É só ter calma que o gol sai - resumiu Fred no intervalo.
aApagão total e dois gols em 21 minutos
As duas equipes voltaram sem alterações para o segundo tempo. E logo aos cinco minutos o Fluminense foi castigado por não transformar em gols sua superiordade no início do jogo. Após bola alçada na área, Berna hesitou, ficou no meio do caminho e Garcia se adiantou a Edinho para, em impedimento, cabecear por cima do goleiro tricolor: 1 a 0. O time tricolor sentiu o golpe. Embalado por sua torcida, o Nacional-URU cresceu e teve duas boas chances em sequência, com Viudez e Cabrera. Foi a senha para Enderson Moreira colocar Deco no lugar de Souza.
Mas a alteração não deu certo. Os erros de passe deixavam claro o nervosismo tricolor. E em mais uma falha da defesa, Garcia aumentou o placar. Fred perdeu a bola no ataque, gerou o contra-ataque e, ao tentar desarmar Gallardo, Julio Cesar acertou um carrinho na bola e um passe para Garcia nas costas de Gum. Agora em posição legal, o atacante teve apenas o trabalho de tocar na saída de Berna para ampliar. Dois minutos depois, ele quase fez o terceiro: novamante na cara do gol, tocou por cima do goleiro, e Gum salvou em cima da linha.
Um torcedor que chegasse naquele momento ao Centenário veria uma torcida em festa, o placar de 2 a 0 e pensaria que o Nacional dominava o jogo desde o início. Acuado, o Fluminense dava espaços e não conseguia reagir. A melhor chance tricolor foi em um chute de Emerson que bateu na rede pelo lado de fora.
Araújo já havia substituído Julio Cesar logo após o segundo gol uruguaio, mas, incomodados com a falta de ofensividade da equipe na segunda etapa, os tricolores presentes ao Centenário passaram a pedir a entrada de Rafael Moura. E tiveram seu pedido atendido. Mas já era tarde. Aos 40 minutos, Gallardo, que havia recebido cartão amarelo pouco antes, reclamou com o juiz e foi expulso. Foi só mais um motivo para os uruguaios protestarem e retardarem a continuação da partida. No último suspiro tricolor, Emerson passou por dois zagueiros e foi derrubado dentro da área. O juiz mandou o jogo seguir.
Depois de 2009, nada mais parece ser impossível para esse elenco do Fluminense. Mas agora, os guerreiros terão de provar mais uma vez a sua força para manter o Tricolor na Libertadores 2011.
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